24 de julho de 2007

A la Drummond ...

Essa mulher sabe tudo ...

COM LICENÇA POÉTICA
Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
Esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
Sem precisar mentir.

Não tão feia que não possa casar,
Acho o Rio de Janeiro uma beleza
E ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina. Inauguro linhagens,
Fundo reinos— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,
Já a minha vontade de alegria,
Sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida
É maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou

18 de julho de 2007

LUTO


Todos estão chocados. Mais uma tragédia atinge o Brasil. Menos de 1 ano depois do acidente com o avião da Gol, a aeronave da TAM (vôo JJ3054), vinda de Porto Alegre, caiu na noite de 17 de julho nos arredores do Aeroporto de Congonhas.

Eu que diariamente olho para esta pista, como estou fazendo neste momento, custo a acreditar que centenas de pessoas (e o País todo) foram atingidas por esse acidente. Daqui vejo a pista, na cabeceira do Jabaquara, lado oposto ao local da queda. A vida corre do lado de fora da janela e a vida acaba por lá também. Mortes anunciadas e já imaginadas por todos que um dia já pousaram ou decolaram neste aeroporto. Afinal, não há como não sentir um frio na barriga com a aproximação dos prédios, das avenidas, dos carros e das pessoas que, indiferentes e já acostumadas com o tráfego aéreo, já não olham para o céu.

Mesmo com toda a fé e a convicção que tenho nas razões da existência humana, a emoção é mais forte e não há como se conformar. Não há como não pensar que essas pessoas morreram em vão. Pois, há esperança de mudança? Nosso País, nossas autoridades, os poderosos não são capazes de dar uma resposta à altura de uma desgraça dessa proporção. Se fossem, teriam tomado providências drásticas e efetivas no ano passado, após a queda do avião da Gol.

Para nós resta agradecer por não estarmos lá ou não termos nenhum amigo ou parente naquele vôo. Mas o que resta à mãe que chora e se desespera com a perda de dois filhos adolescentes? O que restará à família e aos amigos das vítimas, além da lembrança de momentos alegres, festivos ou emocionantes?

Será mesmo que este acidente é fruto da fatalidade, que sempre leva a culpa nesse tipo de tragédia? Não havia como evitar? É sobre isso que me questiono. Resignação e revolta. Tristeza e sentimento de impotência. Mesmo vivos e salvos, somos todos vítimas. E choramos.

6 de julho de 2007

Durante a semana ...

"Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra,
e assim se faz um livro,
um governo, ou uma revolução".
Machado de Assis

Esta frase tem tudo a ver com o que estou vivendo atualmente. Outra idéia que não me sai da cabeça é: “os pensamentos são sementes”. E são mesmo, viu? Cada dia mais eu acredito nisso. Dêem o nome que for, digam o que quiserem. As freqüências em que vibramos, as energias que atraímos, o bem que praticamos (e o mal também) se manifestam em nossas vidas de um jeito ou de outro. É a tal lei de ação e reação. Assim, recebemos uma responsabilidade enorme. Porque nos tornamos únicos responsáveis por tudo que de fato ocorre em nossas vidas. E é complexo conviver com isso e aceitar essa condição. A tal responsabilidade é pesada e assustadora. Deseje, acredite e receba. Mas atenção, veja lá o que você vai querer!

Lembrei desta música hoje...
Adoro!


Quase sem querer

(Legião Urbana)

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que sentia

Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira

Mas não sou mais tão criança
A ponto de saber tudo

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos

Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você