23 de novembro de 2011

Papo de berçário na… depilação!

É, minha gente, mulheres têm a árdua tarefa de se submeter periodicamente a pequenas sessões de tortura voluntária a que chamamos “depilação”. Por lá, muitas e muitas mulheres, separadas em estreitas e discretas baias, falam e têm seus pelos arrancados por gentis, mas impiedosas, depiladoras. Às vezes é inevitável ouvir o papo que rola nesses locais, onde até algumas confidências são trocadas.

Dias desses, a moça que estava na cabine ao lado da minha comentava com a depiladora que ainda amamentava seu bebê. Quando notei que a conversa era sobre o tema, não pude me conter e comecei a prestar atenção na conversa alheia. Que feio. Rsrs… Ok, ok, eu me envergonho de confessar isso, mas achei que valia me entregar aqui para poder comentar o assunto com vocês.

Bom, lá pelas tantas, a moça disse que infelizmente seu leite começou a secar e que ela não sabe o que aconteceu. Contou que atualmente seu bebê mama umas três vezes ao dia e que, claro, recebe outros tipos de alimentos. Nessa altura, eu já comecei a pensar: puxa, o que terá acontecido? Quanto tempo será que tem o bebê? Será que posso ajuda-la de alguma maneira?

Ela continuou e, então, vieram todas as respostas. Afirmou, lamentando, que gostaria de amamentar “pelo menos até os seis meses”, mas que “do jeito que está, será difícil”. Me surpreendi. É, ainda me surpreendo com a naturalidade com que algumas mães falam sobre o desmame de bebês tão pequenos. Logo em seguida ela informou: “ele está com quatro meses e meio”.

Poxa, não há quem nunca tenha escutado, pelo menos uma vez na vida, alguma campanha sobre a importância do leite materno, os benefícios que ele traz para mãe e bebê, indicando que os pequenos devem ser alimentados EXCLUSIVAMENTE até os seis meses. Exclusivamente quer dizer: não receber qualquer outro tipo de alimento, nem água nem chá nem suco nem nada. Portanto, seis meses é o tempo mínimo que o bebê deve mamar o leitinho da mamãe e não o máximo!

É claro que a realidade, até mesmo por restrição de direitos trabalhistas da mulher, dificulta essa conduta. Mas não é impossível. Após a licença maternidade, pode-se ordenhar o leite durante a jornada de trabalho e congelá-lo para oferecer ao bebê na sua ausência. Após a alimentação complementar mais estabelecida, o bebê passa a mamar duas ou três vezes ao dia (manhã e noite, por exemplo) – o que permite a manutenção do aleitamento até os ideais “dois anos ou mais”.
Compreendo, de verdade, todas as dificuldades, os perrengues e as mazelas dos primeiros meses de cuidados com o bebê. A superação e o cansaço. Mas conheço mulheres incríveis que enfrentaram enormes problemas com amamentação e nem por isso desistiram. Exemplos lindos de entrega e doação que, de um jeito ou de outro, quem quer ser ou é mãe deve estar preparada para aceitar, com amor e paciência!

Essa será uma fase intensa, mas maravilhosa, que nada poderá superar. Se você acredita ou, seria melhor, conhece a importância da amamentação, saiba que mesmo com dificuldades é possível manter o aleitamento. Para isso, busque informações (recomendo o site: www.aleitamento.com) e apoio de profissionais especializados, como pediatras verdadeiramente comprometidos com a questão e consultoras em aleitamento materno.

Pode ter certeza, vai valer a pena!!!

Quer conhecer melhor os benefícios da amamentação para mãe e bebê?

Veja o vídeo “Amamentação: muito mais que alimentar a criança”, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com o Ministério da Saúde.

Recomendo também o documentário em DVD “Amamentação Sem Mistério” – que pode ser comprado até mesmo pela internet – com profissionais super competentes (e alguns queridos!! rsrs) e depoimentos muito bacanas.

Veja o trailer:


(Publicado originalmente no Blog Papo de Berçário - dia 23/11/2011)

9 de novembro de 2011

Uma estrada de tijolos amarelos?

Não. Decididamente a maternidade não é uma estrada de tijolos amarelos como aquela do clássico Mágico de Oz. Muitos são os desafios, as rotas e as armadilhas do caminho. Quando nos lançamos nessa jornada, em geral, temos lá nossas convicções e escolhas predefinidas. Muitas não mudam, outras se mostram dezenas de vezes mais difíceis do que pareciam, outras, definitivamente, impossíveis.

Logo de cara, uma grande prova se coloca para as mães: a amamentação. Aquela imagem idílica de um bebezinho rechonchudo, calmo e apaixonado, que se aconchega languidamente ao seio materno e sorve com carinho seu alimento, é mesmo perfeita para os comerciais de margarina. Mas não se parece, de modo geral, com o que acontece na realidade – especialmente nos primeiros momentos.

E isso não quer dizer que amamentar seja sempre difícil, doloroso ou sacrificante, pois não é. Mas quer dizer que é preciso estar informada e, acima de tudo, é preciso se entregar de corpo e alma para essa experiência. E, para isso, não há outro jeito, você tem que estar consciente e convicta da importância do aleitamento materno.

O impacto dessa decisão terá conseqüências determinantes para a construção imunológica do seu bebê, para a saúde e a segurança do seu crescimento e será fundamental para nutrir física e emocionalmente o seu filho, por toda a vida. Por essas e outras, amamentar nunca foi uma opção para mim. E sim uma função inerente à maternidade, uma etapa, além da gestação.

Nos primeiros dias, é tudo novo, estranho, tenso. Assim foi comigo. Bicos doloridos, peito cheio, incertezas. Todos os livros, conselhos e informações sumiram da mente. Eu me senti bem perdida. Acho que foi uma grande mistura de medo com hormônios a mil.

O que me ajudou? Primeiro o apoio incondicional do meu companheiro. Segundo, a orientação amorosa de ótimas e queridas profissionais. Acho que foi a combinação perfeita, que aos poucos me ajudou a conhecer o meu bebê, o meu corpo e as nossas necessidades.

Ainda assim eu pensava, diversas vezes: quando é que amamentar se tornará um prazer? Esse dia chegou. Demorou um pouquinho, mas valeu cada minuto de superação. Então, descobri que, além de gerar e parir, ver um filho crescer graças ao nosso leite é uma felicidade incomparável.

Até hoje foram seis meses de aleitamento materno exclusivo e mais oito de aleitamento complementar. Totalizando um ano e dois meses de amamentação, feliz e plena, sem data marcada para terminar. Sei que ao amamentá-la ofereço muito mais do que um alimento saudável e rico, ofereço carinho, amor, cumplicidade e segurança. E assim será até quando for bom para mim e para ela.

Assim, recomendo a quem deseja atravessar essa linda etapa da estrada da maternidade (que não tem mesmo só tijolos amarelos) que traga na bagagem a certeza de que, por maiores que sejam os obstáculos, essa travessia será absolutamente recompensadora.

(Publicado originalmente no Blog Papo de Berçário - dia 09/11/2011)