18 de janeiro de 2012

Ano novo, papo renovado

Achei legal começar o ano novo falando sobre o que mais me motiva a escrever para mães e futuras mães. Isso tem a ver com a grande descoberta que eu fiz em minha vida justamente quando comecei a desejar ter um filho. Essa descoberta foi também um resgate, um reencontro. Estou falando, mais especificamente, da minha paixão pelo conceito (tantas vezes mal empregado) de humanização do atendimento ao parto.
Isso porque a ideia de transformar o atendimento ao parto, em especial no Brasil, está ligada à mudança de paradigma em relação ao nascimento, à maternidade e à forma de criação contemporânea. Por isso, ainda que você não se identifique diretamente com uma ou outra ideia desta humilde pessoa, quem sabe não é possível ao menos contribuir para a reflexão sobre como os conceitos difundidos pelo senso comum podem atrapalhar/ influenciar as nossas escolhas.

Por vezes, nos achamos super informados e atentos, mas somos fruto da sociedade em que vivemos e ponto, com todas as suas nuances e contradições. E, por que não dizer, interesses. Sim, interesses. Alguns nobres, outros condenáveis, muitos inconscientes. Mas o fato é que tudo que vemos, ouvimos e lemos vai, de uma forma ou de outra, influenciar nossas decisões. Muitas delas, tomadas sem a merecida ponderação.

Portanto, começo hoje a falar com mais detalhes sobre como me tornei “uma dessas mulheres, meio doidas, que nos dias de hoje dão à luz naturalmente, sem anestesia nem nada, assim como no tempo das nossas avós (ou bisavós)”, como tanta gente pensa por aí.

De cara posso começar contando que não achava nem um pouco compreensível essa escolha, “diante da modernidade”. Achava mesmo que a evolução da medicina tinha trazido ótimas alternativas para as mulheres – como a anestesia e a cesariana. Achava também (e ainda acho) que as mulheres deveriam ter o pleno direito de escolher a forma como gostariam de colocar seus filhos no mundo (ainda que hoje veja isso de maneira muito mais profunda). Achava (e também ainda acho) que a via de parto não faz ninguém melhor ou pior. Achava que era informada e que poderia escolher. Achava que os médicos sabiam o que diziam. Achava que a mulherada “mamífera” era bem radical e, vez ou outra, prepotente.

Hoje, parte dessas ideias se transformou, parte se aprofundou. Os primeiros contatos que tive com o assunto me soaram radicais e distantes. Ótimas opções para… as outras. Porém minha curiosidade me fez querer entender a razão que leva uma mulher “moderna” a desejar um parto natural.

Foi, então, que uma descoberta me indignou e mudou muita coisa dentro de mim. Descobri que muitas, muitas mulheres são enganadas ou levadas a acreditar em alguns conceitos totalmente equivocados, que as conduzem a um caminho arriscado e, por vezes, não desejado, em função da má formação, da conveniência ou da má fé de seus médicos.

Em nosso próximo encontro, vou falar sobre essa triste realidade e sobre como saber se você corre o risco de cair no “conto do cesarista fofo”. Até lá.

(Publicado originalmente no Blog Papo de Berçário - dia 18/01/2012)

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