1 de julho de 2006

Pior que perder é merecer perder

Ter razão muitas vezes é terrível. Eu sabia! Só podia dar isso! Não te disse? Olha lá! Já vi tudo! Batata! O amargo gosto da derrota foi sentido hoje pelos 180 milhões de brasileiros que, com olhar perplexo e irritado, viram a sua seleção canarinho, favorita, ser eliminada pela França. Pior que perder é merecer perder. Não ter coragem e vontade de lutar. Há tanto a dizer. Mas na verdade pouco importa. Afinal, estamos voltando para casa completamente frustrados.
A França fez seu melhor jogo na Copa. Foi ela que cresceu frente a um adversário mais qualificado. E o Brasil caiu perante um time que simplesmente queria vencer. A gente sabia que tudo podia dar certo, mas também sabíamos tinha tudo para dar errado. Por que? Comecemos pelos treinos-show, transmitidos pela TV a cabo, ao vivo, em que o time tinha a companhia de milhares de torcedores na sua fase de preparação. Gritos, autógrafos, fotos e euforia – o famoso oba-oba. Muita publicidade, propaganda de cerveja, celular, guaraná, banco, etc. Vender até a mãe! Faturar, faturar, faturar. Passemos a seguir pelas folgas, pelos treinos "descontraídos", rachões e corridinhas sem-vergonha em volta do campo, ao invés de buscar introsamento, testar novas formações, ensaiar jogadas. Atletas (????) completamente fora de forma, sem de ritmo de jogo, titulares absolutos. Houve um sinal. Último coletivo da seleção: reservas contra titulares. Os meninos venceram os intocáveis. Como pode isso? Aliás, como pode um time que quer, como declarou o treinador, chegar a final de um campeonato mundial, não treinar decentemente durante a competição? Não fazer nem um coletivo? Alguém pode me explicar?
Após duas vitórias 'meia-boca', vimos outro time, outro ânimo no jogo contra o Japão. Mas isso não significou nada. Afinal, foi apenas uma soma de coincidências, contra um time desclassificado. Não é? Não, não foi isso. Foi um time que queria vencer. Assim como a França de hoje.
Comprovamos o que todo mundo vinha dizendo: não basta ter o melhor elenco. É preciso ter coração, vibração e coragem. Esse é o principal papel do treinador. Mas não combina com uma confederação de futebol que está mais preocupada com as cifras, com o lucro, com a política e com candidaturas à presidência da Fifa. É por essas e outras que Felipão colocou Portugal entre as quatro melhores seleções do mundo. Eles têm coração. Ou seja, tudo o que nos falta. Já nós ficamos com o nosso 'potencial' – que não ganha jogo, muito menos Copa.
De agora em diante seremos expectadores. Pela primeira vez em 12 anos, ficamos de fora da maior festa do esporte mundial. Ser bom não é tudo. É preciso querer vencer.

Considerações finais...
Nos próximos dias, com a cabeça mais fria, vou postar outros comentários sobre o jogo. Mas já adianto:
Nossa defesa foi perfeita. Parabéns Lúcio, Juan, Dida e Zé Roberto – este sim, o quadrado mágico.
Um nó na garganta.
Parreira é uma mula.
CBF é a principal responsável pela derrota.
Saudades do Felipão...


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A seguir algumas coisas que eu já tinha escrito para o Blog antes do jogo. Perderam um tanto o sentido. Mas fica o registro.


Muuuuuuuuuito assunto acumulado e pendente. Lamento. Correria louca, insana, preguiça e muitas coisas para fazer. Enfim, vamos ao que interessa.

Cobertura
Copa do mundo. Só se fala disso mesmo. E este ano temos a oportunidade de acompanhar pela primeira vez a cobertura através dos Blogs. Olha, vale a pena! Aqueles que tenho acompanhado mais de perto são os de Juca Kfouri e Soninha, mas sei que têm outros tão bons quanto. A Copa dos Blogs, que não limitam seus escritores à tensão rígida dos caracteres, não impõem limites e temas. Embora, é claro, sejam patrocinados, remunerados. Mas acho que, salvo muita ingenuidade de minha parte, os tais Blogs só têm graça se, ao menos, parecerem realmente não editados, não supervisionados, não tolidos. Que assim seja por um bom tempo! Vamos ver até quando isso resiste assim.

Ser jornalista tem suas vantagens (tinha que ter alguma, né?). Deve ser massa demais acompanhar uma Copa, mesmo se matando de trabalhar. Estar 'in loco', presente, participante. Deve ser sensacional! Assistir aos jogos no campo, sentir a torcida, ouvir o som do chute certeiro (ou não), da bola correndo no gramado, do apito, daqueles segundos de silêncio, intermináveis, que existem entre o chute e o balançar das redes, a explosão de alegria. Além de ter a chance de perceber plenamente a capacidade de comunhão dos povos, através do esporte mais popular do mundo. Um dia eu vou à Copa! Se não a trabalho, por prazer – melhor ainda!!!

Constatação de Idade e de significado
Essa semana ouvi no rádio uma informação que não tinha me dado conta. Estamos todos nós sonhando com uma revanche contra a França. Aquele fatídico jogo em 1998 foi, infelizmente, inesquecível. Quanta frustração, tristeza, revolta. Não me recuperei e pra sempre vamos discutir sobre isso (e, no meu caso, xingar o Zagallo). A informação que ouvi foi que de nosso quase-herói Robinho tinha apenas 14 anos naquele jogo. Nem sonhava em um dia jogar com Zidane e ter a oportunidade de nos vingar, de devolver aquela derrota de gosto amargo – num prato frio, como deve ser. Isso me deixou impressionada com a passagem do tempo. Como pode? Para mim parece que foi ontem. Lembro tão bem do clima, dos dias que antecederam e de tudo que aconteceu. Além, é claro, dos anos que passamos falando sobre aquele jogo. Será que a caberá a quem não tem nem ao menos idade para avaliar a dimensão do significado desse embate para o coração dos torcedores, nos presentear com a redenção!!! Tomara! Ronaldo merece essa vitória, o Brasil merece, eu, você (menos o Zagallo – hehehe). Pedaaaaaaaaaaala, Robinho!!

Jogos passados em branco
Aproveito para fazer uma breve análise dos jogos passados (em branco) aqui no Blog. O Jogo contra a Austrália novamente deixou claro que o velho (e retranqueiro) Parreira estava de volta. Ronaldo começou a redimir, que bom! Ele é essencial e pode estar gordo, mas não perdeu o faro de gol.
Contra o Japão, além da surpresa reservada por Parreira – com a escalação de muitos dos “reservas-que-deveriam-ser-titulares”, tivemos uma melhor atuação do Ronaldo, embora semi-morto no final do jogo.
Aqui vale um comentário maldoso: o Zico (coitado) não tem jeito. È “zicado” mesmo!!! Qual será a origem da palavra “zica”, deveria ser ele – não faltaria significado. Maldade, eu sei! Mas sejamos realistas. Copa de 1978 – Zico jogou. Copa de 82, Zico jogou. Copa de 86 – nem preciso dizer. Copa de 1998 – lá estava ele, na Comissão Técnica.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá Dani Moraes, inauguro aqui a participação no seu blog. Num momento ruim. O que dizer da seleção , talvez + do mesmo... mas lembrando Milton Nascimento ... para ajudar a diagnosticar seleção..
"Mas é preciso ter força, é preciso ter raça ..;
É preciso ter "gana" sempre"(rsrs)?
Mas teve "France", um carrasco e um ajudante que disse que não iamos a escola.... Acho que pela primeira vez concordo com Willian Waack, que disse que o fato dele ir à escola, não o impediu de dizer bobagens.

Talvez tenha faltado ..."a estranha mania de ter fé na vida"
Enfim... Faltou tanta coisa.. Daqui a 4 anos tem de novo. Vamos em frente.Quem sabe até lá você possa ir á Copa trabalhar, ou o que é melhor apenas assistir... E fazer seus comentários rsrs

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Agora sobre o Zico, minha amiga,
acho que vou te dar de "presente" um DVD da coleção Grandes Craques, que assisti estes dias.Primeiro pra que você o conheça melhor...
Depois, pra que ouça a versão dele sobre o episódio.

Banco, Banco, banco de novo e entra no meio do jogo, banco de novo e entra no meio do Jogo.
Foi chamado a responsabilidade. Bateu. Errou. Foi crucificado.
Sempre que se tem um série de erros, ou fatores, encontra -se UM, culpado ou responsável. Pronto, Zico. Tá resolvido!.Já ouviu falar em injustiça?

Uma abraço
p.s. gostei de escrever rsrs...

Renata Mielli disse...

Pois é Dani.... Concordo contigo e como disse lá no meu post, faltou vontade, sede! E isso o Felipão tem de sobra. Concordo que a zaga, quem diria, a zaga, fez a sua parte.
Mas não acho que seja a hora de achar os culpados ou ficar vaiando um time que tantas alegrias trouxe ao Brasil. Como disse o Rodrigo lá no blog dele, o Brasil não merece os ídolos que têm.
Exibimos nessa copa um futebol mediocre. Foi isso. E por isso perdemos. A Ressaca é inevitável. Vou curá-la torcendo pro Felipão.
Um beijão

Anônimo disse...

Ah!, e VIVA o Galinho de Quintino!!
Viva sua história!!... que não pode ser lembrada apenas por um momento ruim, diante de milhares de momentos mágicos. Italianos e japoneses descobriram o que é alegria de ver Zico jogar
Viva Zico!!! rsrsrs
Isto, foi apenas pra que você evite comentários maldosos, eles não dão certo. rsrs
um abraço.

Anônimo disse...

Ótimas palavras!!!! Não sei muito o que dizer, estou muito triste e revoltado com esse "time".
Vai Felipão!!!!!!!!! Em 2010 nós nos vingamos desses perfumadinhos!!! E teve gente que antes da copa falou que o Ronaldinho Gaúcho podia ser comparado ao Rei Pelé, entre eles o nosso "maravilhoso" Cafu. Conta agora a do português, de preferência a do português campeão da Copa da Alemanha.
Estamos torcendo pela raça!
Se esse time não teve vontade de vencer pelo menos que tivesse vergonha de perder assim.
Fui.

Daniele Moraes disse...

Plínio,
Obrigada pela visita. Quanto ao Zico, sei que é injusto e que o cara foi um craque!Indiscutível! Tem aqui um tanto de implicância, uma dose de ironia, e um punhado de maldade!! Hehehe ...

Rê,
É isso aí! Agora é Felipão!!! Tb concordo que não damos o devido (se é que damos algum) valor aos nossos ídolos. Mas na Alemanha, neste sábado, eles tb não deram valor à suas próprias histórias, ao povo sofrido que pode não saber valorizá-los, mas que deposita neles toda a esperança de uma alegria. Nem que seja apenas de 4 em 4 anos! Entretanto, nosso coração brasileiro, de torcedor incansável não nos deixa desistir!!! hehehe ... Rumo ao hexa ... em 2010 ou 2014!!!
Hehehe ...

Fô,
É revoltante mesmo!! Vamos assistir "Pelé Eterno" para nos recuperarmos, ok?
Te amo!
Bjs a todos!!
Dani

Rodrigo Barneschi disse...

Quantas coisas, Dani!

Por partes:

1. Eu sou Vasco. Mas não posso deixar de reconhecer que Zico foi possivelmente o grande craque brasileiro dos anos 80. Bem mais do que Ronaldinho é agora, nos 00, diga-se de passagem. E o Fábio tem razão: como puderam comparar Ronaldinho a Pelé? Como? É um tremendo absurdo! Falta de respeito até! É a prova inconteste de que o brasileiro não sabe reconhecer seus ídolos. Nem mesmo quando se trata do maior de todos.

2. Pelo menos agora o nosso povo não conseguirá elaborar teorias conspiratórias como aquelas de 98. Pelo menos eu espero que não. Do jeito que são as pessoas, é capaz de logo mais inventarem o papo de que o genial Zidane jogou dopado.

3. Uma vez mais: Romário é deus! Continuo a defender a presença do Baixinho agora e na Copa de 2010.

4. Eu podia jurar que os não-palmeirenses e gremistas não torceriam pelo Felipão. Mas parece que o Big Phill ganhou o mundo realmente - eu até escrevi sobre isso na semana passada. Fico muito feliz por isso. Torcer pelo Felipão pode ser sofrido demais - e é -, mas vale a pena. Ele nunca nos decepcionou. Nem mesmo nas derrotas. Porque sempre caímos de pé.

Beijos